sábado, 13 de outubro de 2007

A degeneração da ética e da moral - A Tropa viu....

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Meus queridos amigos,

A degeneração da ética e da moral abala os calcanhares da hierarquia e da disciplina e põe em risco a estabilidade da instituição militar gerando medo. Se analisarmos os fatores contribuintes para este imbróglio, concluiremos que os lampejos de indisciplina da tropa ATC encontram amparo no cumprimento das funções constitucionais e derivam da dificuldade de aceitação dos maus exemplos advindos do alto escalão militar.

"O líder que exercita o poder com honra trabalhará de dentro para fora, começando por si próprio." (Blaine Lee)

A tropa viu um Ministro da Aeronáutica, ex-comandante do CINDACTA1, alcovitando literalmente por baixo da mesa, repassando bilhetinhos passionais de Bernardo Cabral para sua musa Zélia Cardoso, onde descrevia sua saia como “deliciosa”. Enquanto era feito o “correio elegante” desse adultério explícito, os tenebrosos destinos da Nação eram traçados na reunião ministerial presidida por Fernando Collor.

A tropa viu outro Ministro da Aeronáutica exonerado por supostas irregularidades na instalação do SIVAM, esvaziar as gavetas de seu gabinete, abraçar o cabedal aeronáutico de segurança nacional e se bandear para presidir um sindicato patronal rico, levando consigo todo o conhecimento estratégico para alimentar a ganância empresarial do setor aéreo.

A tropa viu um Diretor Militar do extinto DAC autorizar, quando na atividade, contratos de carga aérea para a Rede Postal Nacional a serviço dos Correios, e ao passar para a reserva, assumir como consultor tanto dos Correios quanto da empresa exploradora do serviço, acendendo velas a Deus e ao diabo. Para essa manobra carreou consigo todo o conhecimento estratégico e toda a sua influência na aviação civil.

A tropa viu certo Comandante da Aeronáutica, de questionável desempenho no gerenciamento da crise, permitir que a Proteção ao Vôo brasileira, apesar dos gritos de socorro, despencasse para o abismo sem ao menos estender-lhe as mãos. Sequer juntou os cacos para transferi-la ao seu sucessor. Limitou-se a sacudir o pó e esfregar as mãos empoeiradas na farda. Pelo mau gerenciamento foi contemplado com um posto de destaque na ONU.

A tropa viu a incompetência administrativa e supostamente criminosa da diretoria da ANAC ser condecorada com a “Medalha Santos Dumont”, honraria que muitos profissionais da aviação, extremamente competentes, jamais sonharam receber.

A tropa viu muitos outros ex-comandantes galgarem postos de direção na elite estatal e se fartarem com as mazelas do corporativismo mesquinho. Isso sempre fez revirar as lombrigas na barriga do pobre subalterno, ávido por um mísero gesto de reconhecimento e respeito profissional que nunca recebeu.

A tropa viu a reportagem onde o Promotor da Justiça Militar João Rodrigues Arruda diz ao jornalista Paulo Henrique Amorim: “O comando militar é a única função pública que se não for executada com eficiência, caracteriza crime”. (art. 198 CPM)...

“deixar o comandante de manter a força sob seu comando em estado de eficiência”, é crime; ...

“se o controlador não está eficiente por falta de instrução”, é crime do comandante;...

“se o controlador não está eficiente por indisciplina”, é crime do comandante;...

“se é deficiência de material”, é crime do comandante.

De nada adianta a existência do Código Penal Militar se ele não for aplicado, pois a única coisa que a tropa não viu até agora, foi um puxão de orelhas sequer nas autoridades envolvidas

A tropa viu o Comando da Aeronáutica, em altos brados declarar que se houvesse aumento salarial, seria para todos os militares indistintamente. Mal o assunto esfriou entre cochichos pelos cantos da caserna e os comandos, isoladamente, receberem cinqüenta por cento de aumento em seus vencimentos.

A tropa viu numa simples troca de roupa, seus ex-comandantes assumirem “apaisanados” a direção de projetos no seio da Força Aérea, queimando verbas bem intencionadas do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, nos mesmos projetos que eles próprios acabaram de assinar na ativa.

A tropa viu também o desvanecimento de algumas estrelas cadentes, alijadas do grupo palaciano, destituídas da autoridade galáctica, despojadas de suas benesses de gabinete e comando, que não foram agraciadas com as funções “compensatórias pós-atividade”.
Essas estrelas que esmaecem no céu cinzento, trocaram também seus uniformes camuflados e coturnos por pijamas e pantufas e da desbotada varanda azul barateia do Clube da Aeronáutica, proferem insultos e blasfêmias, rogando pragas no governo que também os esqueceu.

A tropa viu e hoje em dia enxerga muito mais, pois, pelo descrédito na carreira, viu-se obrigada a estudar e a buscar caminhos alternativos de futuro. O nível universitário, a internet, os meios de comunicação abertos e explícitos, modificaram o perfil coletivo e o grupo, outrora passivo e complacente, passou agora a “pensar”.

E assim se fez o caos, assistido pela tropa incrédula, mas silenciosa e ordeira.

E assim se fez o caos pelo descumprimento forçado de regras e normas internacionais.

E assim se fez o caos levando às lágrimas de sargento a brigadeiro, não por covardia, mas pela injustiça e pela vergonha de estarem vivendo esse momento sem precedentes

E assim se fez o caos pela impunidade no desastre administrativo de comandos.

E assim se fez o caos pela não observância ao conceito de hierarquia citado por Eduardo Gomes.

E por falar nos ensinamentos deixados pelos “18 do Forte”, como -“À Pátria tudo se deve dar e a
ela nada se deve pedir, nem mesmo compreensão,” pergunto:

Teria a “Pátria” de Siqueira Campos o mesmo sentido de “comando”?

Servir à Pátria, no aspecto constitucional, seria tão somente servir ao comando?

A punição militar deve ser empregada àqueles que transgrediram códigos militares em favor da segurança civil?

Se graduados estão sendo processados por suspenderem o serviço para manter a segurança aérea, o que dizer dos oficiais que abandonaram seus postos durante 3 dias por discordarem de seu “comandante supremo”: o Presidente da República?

Se graduados estão sendo processados por descumprirem uma Instrução do Comando da Aeronáutica, o que dizer do comando que descumpre o Regulamento Disciplinar da Aeronáutica quando permite que um graduado seja encarcerado no xadrez sem julgamento?

A tropa também viu a reportagem da Rede Globo de outubro de 2006

http://www.youtube.com/watch?v=RWFIVYkO5oY ,

Um senhor que se identifica por Gustavo Henrique Albrecht, piloto há 40 anos, elogiar os serviços e os radares da amazônia. Tanta eloqüência se justifica quando se descobre que o senhor Gustavo é nada menos que um Major Av. RR, colega de turma do Maj.Brig.do-AR-Ramon Borges Cardoso Diretor Geral do DECEA e colega de turma também do Sr. Ricardo Luiz Cardoso Vilarinho diretor da ATECH, que por sua vez é irmão do Ten- Brigadeiro Vilarinho atual Diretor do DEPENS. Vixi!!! quantas coincidências não? Os demais "especialistas" entrevistados são:
Rafael César (de Souza) Cohen - Coronel Av. RR
Edson luiz Gaspar - Piloto de Helicóptero Policia Militar de SP

A tropa ATC viu, não entendeu e já não sabe mais a quem servir. O perigo reside no fato de que ela já não distingue os significados de medo e respeito, tampouco de Pátria e Poder.

A diferença entre um chefe e um líder é que um chefe diz, Vá! e um líder diz Vamos!” (E. M. Kelly)

É assim que eu penso.

Um fraterno e sincero abraço a todos,

Celso Bigdog

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