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Prezados amigos, apesar das críticas que tenho a respeito do jornalismo praticado pela Revista Veja, devo reconhecer que esta matéria sobre a fragilidade do controle de tráfego aéreo na região Amazônica traz a tona e desvela à sociedade brasileira a REALIDADE, que infelizmente se estende para TODO O BRASIL, ou seja, o sistema integrado de controle de tráfego aéreo brasileiro, sob o COMANDO MILITAR está falido.
Esta situação problemática apontada pela REVISTA VEJA, no CINDACTA IV, igualmente acontece nos CINDACTA I, CINDACTA II, CINDACTA III, na Terminal SÃO PAULO, BRASÍLIA e no RIO DE JANEIRO. A investigação da VEJA, permite sair da superficialidade que infelizmente domina a mídia, já que identifica as causas.
Diariamente, temos recebido notícias, por parte dos controladores de todo o Brasil sobre a ocorrência de falhas no sistema. A situação torna-se exponencialmente mais GRAVE, diante da postura repressiva do Comando Militar, que tem se valido de todos os meios para impedir que os controladores comuniquem ao sistema, as ocorrências de falhas e problemas, sendo por isso, muitas vezes, advertidos e punidos, inclusive com prisões.
Ao mesmo tempo, temos visto pela imprensa a postura inflexível do alto Comando da Aeronáutica negando a existência de problemas no sistema, reafirmando em meio a toda sorte de evidências de falhas na operação dos equipamentos, que o controle de tráfego aéreo no Brasil é um modelo de segurança para o mundo. Assim, sem nenhuma autocrítica, sem o mínimo de respeito aos trabalhadores controladores, aos pilotos, aos especialistas e pesquisadores, inclusive do próprio Instituto de Controle do Espaço Aéreo - ICEA, do Instituto Tecnológico da Aeronáutica - ITA, da Escola Politécnica, da Faculdade de Saúde Pública da USP, de organizações internacionais reconhecidas mundialmente, sendo possível constatar que os interesses de uma parte da sociedade, se sobrepõe aos interesses da sociedade expressos e assegurados na Constituição.
Nesse contexto, o acidente ocorrido em setembro de 2006, pode ser considerado um ponto de inflexão para o sistema de controle de tráfego aéreo no Brasil. Assim, a CRISE AÉREA deve ser vista, e entendida como uma tomada de consciência coletiva dos trabalhadores, após anos de submissão ao poder militar atrelado aos interesses das companhias aéreas, onde, só nesta década, o tráfego aéreo aumentou 55%: novos destinos, vôos mais freqüentes e menores tarifas, devido à polarização da concorrência em basicamente duas Companhias Aéreas.
O controlador de tráfego aéreo não quer mais carregar nos ombros a enorme responsabilidade pelo descumprimento das Normas de Regulamentos que regem a Aviação Civil Internacional. O trabalho no controle de tráfego aéreo é uma ocupação que exige agilidade intelectual, velocidade de raciocínio, uma boa resistência ao estresse e capacidade de adaptação. Segundo uma expressão usual na Europa, o controle de vôos é um "artesanato intelectual". Evitar o impacto entre aviões é a missão essencial do controle de vôos. Assim, é o desempenho do controle que vai definir a capacidade do espaço aéreo de um país. Mas como definir desempenho?
Para os controladores, o desempenho de qualidade refere-se efetivamente à segurança. Na verdade o controlador é o único responsável direto pela vida das tripulações e passageiros e caso de colisão. Para confirmar sua importância, basta lembrar que, se o controlador vigiar 15 (quinze) aeronaves como acontece normalmente, em horários de "pico", ele tem nas mãos a vida de milhares de pessoas. Em caso de acidente, ele enfrentará não apenas um Tribunal, já que é juridicamente responsável, mas também um profundo trauma psicológico.
Dessa forma, as PUNIÇÕES e INDIDIAMENTOS que vêem sendo aplicados aos controladores de tráfego aéreo - tornam públicos e DENUNCIAM a GRAVE situação, onde por muito tempo, esses trabalhadores foram forçados a manter o sistema funcinando a qualquer custo, sem serem ouvidos em seus alertas registrados nos Livros de Registro de Ocorrência - LRO ou em Relatórios de Perigos encaminhados oficialmente aos superiores, mesmo que muitas vezes, prejudicados, por serem considerados não cooperativos ao reportarem falhas nos equipamentos, ao questionarem "ordens verbalmente expressas para o descumprimento de Normas de Segurança", sempre justificadas diante da necessária pontualidade aérea.
Infelizmente, somente após a ocorrência do acidente Gol/ Legacy essa realidade de insegurança nos céus emergiu, de um estado de latência.
A meu ver, apesar da fragilidade da situação, para um patamar qualitativamente diferenciado, na medida que se desvelou perante a opinião pública essa situação.
A matéria da Revista VEJA - denúncia a FARSA das instalações do Sivam.
A elaboração desse trabalho jornalístico se deu por meio de entrevistas com controladores de vôo militares e civis, com pilotos, registros fotográficos e gravações, além de análise de documentos confidenciais sobre o sistema. A conclusão a que se chega a partir desse material é estarrecedora: o Sivam é incapaz de vigiar a Amazônia.
PORTANTO, deve ficar claro ao país e principalmente ao CHEFE DAS FORÇAS ARMADAS que o Comando da Aeronáutica é INCAPAZ de assegurar a segurança do espaço aéreo no BRASIL. Não é administrativamente viável à mesma instituição: planejar, administrar e fiscalizar.
É exatamente isto que os trabalhadores do controle de tráfego aéreo militar e civil, os pilotos, os especialistas e pesquisadores, inclusive de organizações internacionais reconhecidas mundialmente vêem bradando em DEFESA da SEGURANÇA, da VIDA e dos verdadeiros interesses do país.
Rita Araujo
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