Não foi ficção. Foi sonho. Ou pesadelo, sei lá. Sei que é uma historinha divertida que cabe perfeitamente no site dos CTA´s.
Ficaria muito feliz em tê-la no site. Mais ainda, de poder escrever outras similiares.
Quero que vocês saibam que todo tipo de suporte que necessitem, avançando os limites do possível, ponho-me à disposição.
Já está mais que claro para o público interno quem são os bandidos e mocinhos da aviação. Tem "fora-da-lei" que é mocinho,
e "xerife" que é bandido.
De uma forma ou outra, segue o texto:
Li um artigo bastante divertido (sonho do Celso, acho) e senti-me na obrigação de contar meu pesadelo. Quem puder retransmita a ele esse e-radiograma, que não é justo deixar que se sonhe sozinho...
O que me lembro foi o seguinte: um dia, os controladores ficaram realmente indignados. Teve uma equipe que não aceitou ser rendida. Eu, para variar, devolvendo a strip de um Falcon90 e observava que o cara não saía dali havia quatro dias. Toda vez que chegava um novinho, o cara o dispensava. Dizia que o novinho ainda tinha muito a treinar para ter a tarimba para rendê-lo. O novinho, apavorado, a observar a tela oscilando. O antigão nem aí, não descolava os olhos da tela. Eu, ali. Com um pedaço de papel na mão.
O novinho saiu. Chamou o supervisor. Que chamou o chefe de sala, que acionou o responsável pelo prédio (que o colega não se confunda, os zeladores somos nós. "Severinos-de-dia". O responsável pelo prédio é outro...), que chegou com um telefone celular à mão e do outro lado da linha o cara que tem por obrigação manter tudo isso em ordem. O cara-da-vez do outro lado, vociferava e rosnava. Ou falasse paternalmente, não faço a menor idéia. Nem pude precisar no sonho.
O que me assustou foi a reação daquele profissional. Devolveu com educação o celular e disse, fundamentado no regulamento, que só entregava aquela posição operacional naquele momento para um homem mais qualificado e experiente do que ele.
E não tinha ninguém com capacitação maior para o momento que aquela equipe.
Foi um Deus nos acuda. Mas a equipe continuava ali. Pareciam experimentar extrair o máximo de permanência em trabalho, numa inexplicável maratona de atividades. Uma greve de fome às avessas, por vezes dando a impressão de acreditar numa ilusão coletiva. Uma doutrina.
Pintaram os mais antigos. Cheio de pratinhas nos ombros, com suas persuasões habituais. Não havia jeito, os caras não arredaram da cadeira, e nem para anotações soltavam os microfones. Em pausas de segundos entrava regularmente uma aeronave na freqüência, como que programados para não dar brecha suficiente sequer para uma rendição moderada. Dessas que são feitas com segurança num prazo médio de cinco a dez minutos.
E mais: a rendição deu-se conta da situação e avaliou por demais perigoso permitir-se à responsabilidade de assumir, naquele momento, o movimento acentuado das aeronaves.
Alguém de cima chamou os soldados. O batalhão fica perto. Cinco minutos e a guarda está ali, ao lado do antigão, que passa a não dar conta do que estava acontecendo. A autoridade dá voz de prisão, o cara ali. Compenetrado. Nem se levanta.
Disse pausadamente no intervalo de comunicação com alguma aeronave que o momento era crítico, e que sua saída da posição consistia risco. Que a interferência de qualquer pessoa na condução de seu trabalho é punível em regulamento e pedia que o mesmo deixasse o recinto por tumultuar o ambiente de serviço. – e voltava às comunicações operacionais.
A autoridade se enfureceu e determinou ao soldado a remoção física de sua posição. O cara sai. O novinho assume. Impressionado pela cena que assiste e o quadro que recebe, perde alguma de suas coordenações e...
...Pois é.
Uma das últimas cenas no pesadelo, confesso que foi controversa. Os dois numa sala, com juízes e uma comitiva. E o antigão molhando de cima a baixo o cara que não leu a inscrição na porta: "acesso somente a pessoas autorizadas". Inclusive à posição operacional.
Daí, veio a melhor parte, quando o Presidente pediu desculpas à autoridade daquela cadeira. O praça balbuciava "Esse Comando me manda cada novinho...". Pior é que só depois de acontecer tudo isso é que fui perceber que a Strip ainda estava na minha mão...
Acordei suado. E na posição. Admito que havia mensagens a ser tratadas na tela. Desconfortável, a sensação da transição sonho e realidade.
Acho que isso me incentivou a buscar o sono mais regular. Exigir isso custasse o que fosse, mesmo promoção. Esse é o tipo de pesadelo que se tem quando se presencia conscientemente a escassez de profissionais e o estímulo negativo que se promove acreditando que se trate de mera questão disciplinar.
Queria poder dizer que se trata de ficção, fantasia ou "caô", como dizem em gíria.
Mas o fato é que acordei suado. E com saudades dos "subs" de outrora...
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2 comentários:
Caro amigo, você não deixou um e-mail de contato, nem um telefone. Não coloquei o seu nome porque você não disse se poderia colocar....
Aguardo outros textos.....
Um grande abraço.......
Mr Keys.....
Mr Keys and others.
O pequeno ensaio dá a dimensão do que virá. Prepara-te !
Um grande abraço e saudações ATC.
Se não nos unirmos, AGORA e SEMPRE, estamos fadados a reprisar momentos angustiantes.
Sugestão:
ATCO'S TRABALHEM PELA SUA (EM ESFORÇOS FINANCEIROS E PESSOAIS) ASSOCIAÇÃO. PARA QUE ESTA UNA-SE A FEBRACTA (EM ESFORÇOS). E ESTA A IFATCA.
Esqueçamos as diferenças, as vaidades, orgulhos.
POR UM MUNDO ATC MELHOR !
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