quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Controle suíço, nas mãos de civis, combina rigor a salário alto.

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Controle suíço, nas mãos de civis, combina rigor a salário alto.

Jamil Chade

O Estado de S. Paulo


Estatal bancada por verba privada atrai por ano 2 mil interessados em curso de treinamento
Criada em 1931, a Skyguide, empresa que controla o transporte aéreo na Suíça, no sul da Alemanha e no sudeste da França, recebe por ano 2 mil inscrições de interessados em entrar na sua academia da treinamento de pessoal. Apenas 45 são selecionados e, no fim do curso, de quatro anos de duração, 60% são reprovados. Estatal que não recebe um centavo do governo suíço, do qual é totalmente independente, a Skyguide paga salários invejáveis mesmo para padrões europeus: os controladores iniciantes recebem o equivalente a R$ 14 mil e podem chegar, no topo da carreira, a R$ 26 mil. Por lei, a empresa é obrigada a declarar quanto recebe seu diretor: mais de R$ 800 mil por ano.
A Skyguide se sustenta com recursos de taxas cobradas das companhias aéreas e de ações vendidas em bolsa. Dos 1.400 funcionários da empresa, oriundos de 17 países diferentes, apenas 100 são militares. E nenhum deles se ocupa de vôos civis. Utilizam as instalações da companhia apenas para monitorar seus próprios vôos de treinamento militar.
Apesar do movimento relativamente modesto do aeroporto de Genebra, os controladores locais têm um dos maiores fluxos de vôos da Europa para monitorar. Pela posição central da Suíça, controlam o tráfego aéreo entre o norte e o sul do continente, além dos vôos que vão para a África. E ainda são responsáveis pelos aviões que deixam Paris ou Londres em direção ao Oriente Médio e Ásia Central. "Chegamos a ter cerca de 90 vôos por hora sob nossa responsabilidade", afirma Marc Baumgartner, funcionário da Skyguide e presidente da Federação Internacional de Controladores de Tráfego Aéreo (Ifatca).
Para os diretores da Skyguide, o segredo para manter a imagem de profissionalismo da empresa e a segurança das operações é a exigência de treinamentos rigorosos, acompanhados de condições adequadas de trabalho para uma ocupação de alta responsabilidade e risco. Por dia, um controlador é autorizado a trabalhar no máximo sete horas. Isso contando as pausas obrigatórias: a cada 2 horas de trabalho, o funcionário tem de descansar por 20 minutos; após mais 2 horas, é preciso fazer uma pausa de outros 50 minutos. A cada quatro dias, o controlador é obrigado a tirar dois dias de folga. Por ano, sai de férias por seis semanas. Os operadores com mais de 40 anos de idade têm sete semanas de férias por ano.
Nas salas ao lado da central de controle, em Genebra, há sofás para descansar ou dormir, e aparelhos de televisão com DVD para quem quiser se distrair. "Em outros lugares da Europa, as salas de controle chegam a ter quartos, com padrão de hotel", diz Baumgartner.
Depois de passar por barreiras de segurança e vários sistemas eletrônicos para a abertura de portas, quem entra na sala de controle aéreo do aeroporto de Genebra encontra um cenário inesperado: pouco barulho, nenhum militar, pôster da equipe da Suíça de futebol em uma das paredes e profissionais com idades entre 20 e 40 anos vestidos informalmente diante das telas dos radares. No verão, muitos controladores chegam a ir trabalhar de bermudas.
A empresa ainda conseguiu aliar sua qualidade de controle de vôo aos negócios. A Skyguide já não conta desde 1997 com recursos governamentais. Tem ações vendidas nas bolsas européias e é tão estável financeiramente que foi classificada como AAA pelas agências de avaliação de risco. Apenas 27 empresas na Suíça têm essa classificação


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